A palavra cachaça é de origem polêmica.
Algumas versões dadas por pesquisadores:
Do castelhano CACHAZA, vinho que era feito de borra de uva;
Da aguardente, que era usada para amaciar a carne de porco (CACHAÇO);
Da grapa azeda, tomada pelos escravos e chamada por eles de cagaça.
A cachaça é genuinamente nacional. Sua história
remonta ao tempo da escravidão quando os escravos trabalhavam na
produção do açúcar da cana de açúcar. O método já era conhecido e
consistia em se moer a cana, ferver o caldo obtido e, em seguida
deixá-lo esfriar em fôrmas, obtendo a rapadura, com a qual adoçavam as
bebidas.
Ocorre que, por vezes, o caldo desandava e fermentava,
dando origem a um produto que se denominava cagaça e era jogado fora,
pois não prestava para adoçar. Alguns escravos tomavam esta beberagem e,
com isso, trabalhavam mais entusiasmados.
Os senhores de engenho por vezes estimulavam aos seus
escravos, mas a corte portuguesa, vendo nisto uma forma de rebelião,
proibia que a referida bebida fosse dada aos negros, temendo um levante.
Com o tempo esta bebida foi aperfeiçoada, passando a
ser filtrada e depois destilada, sendo muito apreciada em épocas de
frio. O processo de fermentação com fubá de milho remonta aos primórdios
do nascimento da cachaça e permanece até hoje com a maior parte dos
produtores artesanais.
Existem atualmente pesquisas de fermentação com
diversos produtos denominados enzimas que, aos poucos, estão
substituindo o processo antigo.
A cachaça sempre viveu na clandestinidade, sendo
consumida principalmente por pessoas de baixa renda e, por isto, sua
imagem ficou associada a produto de má qualidade. Mas atualmente ela
ascendeu a níveis nunca antes sonhados e hoje é uma bebida respeitada e
apreciada mundialmente, já tendo conquistado a preferência de pessoas de
alta classe e sendo servida em encontros políticos internacionais e
eventos de toda espécie pelo mundo afora.
Cronologia
Primórdios do XVI
O caldo era apenas consumido pelos escravos, para que
ficassem mais dóceis ou para curá-los da depressão causada pela saudade
de sua terra (banzo).
Como a carne de porco era dura, usava-se a aguardente
para amolecê-la. Daí o nome “Cachaça”, já que os porcos criados soltos
eram chamados de “cachaços”.
O apelido “Pinga” veio porque o líquido “pingava” do alambique.
2ª metade do Século XVI
Passou a ser produzida em alambiques de barro, depois de cobre, como aguardente.
Século XVII
Com o aprimoramento da produção, passou a atrair consumidores. Começou a ter importância econômica e valor de moeda corrente.
Ano de 1635
Contrariado com a desvalorização de sua bebida típica,
a Bagaceira, produzida do bagaço da uva, Portugal proibiu a fabricação
da Cachaça e seu consumo na colônia brasileira.
Menos da metade do Século XVII
A retaliação à Cachaça provou o nacionalismo brasileiro, levando o povo a boicotar o vinho Português.
Final do Século
Portugal recuou quanto à decisão de proibir o consumo da Cachaça brasileira e decidiu apenas taxar o destilado.
Ano de 1756
A aguardente da cana-de-açúcar era um dos gêneros que
mais contribuía para a reconstrução de Lisboa, abalada por terremoto em
1755.
Ano de 1789
A Cachaça virou símbolo da resistência ao domínio
português. O último pedido de Tiradentes: “Molhem a minha goela com
cachaça da terra”.
Inicio do Século XIX
Com as técnicas de produção aprimoradas, a Cachaça
passou a ser muito apreciada. Era consumida em banquetes palacianos e
misturada a outros ingredientes, como gengibre, o famoso Quentão.
Depois da metade do Século XIX
Com a economia cafeeira, abolição da escravatura e
início da República, um largo preconceito se criou frente a tudo que
fosse brasileiro, prevalecendo à moda da Europa. A Cachaça estava em
baixa.
Ano de 1922
A Semana da Arte Moderna resgatou a nacionalidade
brasileira. A Cachaça ainda tentava se desfazer dos preconceitos e
continuava a apurar sua qualidade.
Depois da metade do Século XX
A Cachaça teve influência na vida artística nacional,
com a “cultura de botequim” e a boemia. Passou a ser servida como bebida
brasileira oficial nas embaixadas, eventos comerciais e vôos
internacionais. A França tentou registrar a marca Cachaça, assim como o
Japão tentou a marca Assai.
Século XXI
A Cachaça está consagrada como brasileiríssima, é
apreciada em diversos cantos do mundo e representa nossa cultura, como a
feijoada e o futebol.
Em alguns países da Europa, principalmente a Alemanha, a Caipirinha de Cachaça é muito mais consumida que o tradicional Scott.
A produção brasileira de Cachaça já ultrapassa os 1,3 bilhões de litros e apenas 0,40% são exportados.
A industrialização da Cachaça emprega atualmente no
Brasil mais de 450 mil pessoas. O Decreto 4.702 assinado em 2002 pelo
presidente FHC, declara ser a Cachaça um destilado de origem nacional.
A Cachaça é original do Brasil!
Fonte: Alambique da Cachaca:
Fonte: Alambique da Cachaca: